Fim de uma tarde de Inverno. O dia está frio, mas o sol parece vir acariciar-nos a pele enquanto exalamos bafos de fumo pela mão de um frio tremendamente seco que nos gela os pulmões. Esta dicotomia faz-nos sentir vivas e com todos os sentidos bem despertos. Caminhamos juntas.
A fúria do mar que rebenta em gritos surdos contra as rochas serve-nos de música de fundo e caminhamos em silêncio.Não porque não falemos, mas porque ambas sabemos que não temos que o fazer, basta-nos um cruzar de olhos, o esboço de um sorriso ou um roçar de dedos e é bom não ter que falar, é bom perceber que nos entendemos no silêncio e que ali, na beira-mar e sem pressas - como há mais de quinze anos atrás - temos tudo o que precisamos para sermos felizes...ar no peito, brisa na cara, o barulho das ondas e os olhos uma da outra. De mãos dadas seguimos...as pegadas (e reparem bem nas pegadas) que contem o resto.