As palavras são fontes inequivocas de mal-entendidos, são causa primeira - elas e o tom que lhes serve de cama - de confusão, de interpretações dúbias ou de subjectividades. Eu sou - por defeito e formação - uma paranóica purista do seu uso. Não as profiro sem as sentir, não as digo sem as mastigar no peito, não as escrevo sem que sejam certeza em mim.
"A palavra é um arma" escreveu um dia alguém que A sabia tão melhor do que eu e ainda assim, usamo-las a torto e direito, tantas vezes mal tratadas, tantas vezes a pontapé, outras tantas de forma oca e desprovida de qualquer contéudo, só porque sim, porque fica bem, porque nos engrandece aos olhos do outro. Eu não sou leviana, nem comigo, nem contigo e nem com as palavras.
Queria saber fazer delas um bailado magistral, uma tela em que cada par de olhos revê o que a vida traz na rebentação de cada onda do mar dos olhos, uma peça única e admirável que se expõe num pedestal de pedra marmoreada com iluminação estudada ou - até mesmo - queria saber fazer delas só simples...Palavras