Mário Cesariny de Vasconcelos, o romancista, poeta, ensaísta, dramaturgo e pintor, escreveu - na madrugada de ontem aos 83 anos em Lisboa - o seu derradeiro verso.
Mestre máximo do Surrealismo em Portugal, Cesariny soube - como poucos - deixar-nos um legado em que o "insólito, o absurdo e o iverossível" são marcas indiscutíveis dos rasgos de genialidade deste - desde sempre - homossexual assumido e de cuja pena sairam prosas e poemas de carga erótica incomparável.
Até Sempre Cesariny!
Mestre máximo do Surrealismo em Portugal, Cesariny soube - como poucos - deixar-nos um legado em que o "insólito, o absurdo e o iverossível" são marcas indiscutíveis dos rasgos de genialidade deste - desde sempre - homossexual assumido e de cuja pena sairam prosas e poemas de carga erótica incomparável.
Até Sempre Cesariny!
Em Todas as Ruas
Em todas as ruas...
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.