Mentiras são verdades que me tiram do sério, são rasgões no peito de quem se Ama, machadadas de mão pesada na alma de quem se quer bem, tatuagens inamovíveis na inocência de quem queremos que faça parte do nosso eu. E mais, mentiras são solavancos que nos abalam por dentro, que deitam por terra os nossos mundos edificados e as nossas convicções mais arreigadas; mentiras são terramotos de dor que destroiem os telhados de quantos nos rodeiam e que levam nas enchorradas a lama dos nossos sentidos; mentiras são aguarelas que colorimos para dar uma cor aguada e solúvel às verdades mais negras; mentiras são espinhos de aço nos caules das flores mais delicadas.
Não vale a pena. "Bate-me com a força da verdade mas poupa-me à delicatessen carinhosa de uma tanga".
Haverá como passar por cima de uma mentira? Poder-se-á deitar para trás das costas um embrulho bonito recheado de ar? Recuperar-se-á o folego da confiança quando se é apanhado nas malhas da falta de coragem? Perguntas são tudo o que tenho, certezas o que gostava de ter e esperança de que do caos resulte a ordem é a bagagem que trago comigo. Que o luar volte às terras altas da neve é o que QUERO, que da lua cheia nasça o ditoso feitiço do regresso a casa o que DESEJO e que quem se quer bem sempre se encontrará num Aqui e num Agora que hoje desconhecemos e que se chama perdão (que mora mesmo em frente, depois do tempo que passa, no fundo da rua) é o que SEI. Com fé nos tempos que se aproximam e com medo dos tempos que correm, um Beijo a ambas e o meu Abraço.