Há muito que não escrevo a olhar-te nos olhos, a saber que é para ti que escrevo, a contar-te de mim e do que no peito trago. Há muito que não escrevo do que gosto, do tanto que me vai na alma, do muito que de mim transborda. Há muito que não te escrevo o meu amor, não porque não o sinta, nem por sombras, mas porque...e só porque há muito que não o faço.
Gosto de te olhar deitada a meu lado, ainda adormecida - como hoje - quando repousas os cabelos em desalinho pela almofada e desalinhado o corpo no leito que serve o amor que nos une. Gosto de te ouvir respirar, de te saber a salvo, tranquila, abrigada no porto seguro dos braços que te apertam e tanto te querem. Gosto do cheiro do teu cheiro, do tom do teu corpo, do som da tua pele, da cor dos teus lábios, do toque da tua alma. Gosto de te sentir quando te enroscas em mim, quando te aninhas em nós, quando te enrolas no nosso despertar e despertas no sono que é nosso.
Há muito que não te escrevia. Gosto-te. Amo-te. Vivo-te. Sempre