Na noite de 21 de Junho de 2006 - uma quarta feira e a memória não me atraiçoa - o restaurante tinha pouco movimento e desafiei o G. (noctívago convicto e tardio nas rotinas) para jantar por lá comigo à hora do fecho. O N. juntar-se-ia a nós mais tarde no Bairro. Tinha aquela sensação boa de quem se libertou do peso que trazia às costas, tinha terminado há escassas semanas uma relação de mais de 4 anos prolongada e esticada a todos os limites do que é humanamente possível.
Conversamos animadamente durante o jantar - que foi rápido - e eu estava ansiosa para desanuviar, para me deixar levar pela noite quente daquela quarta feira e para me "abanar" de copo na mão ao som dos ritmos ditados pela música de um qualquer bar do Bairro Alto. Os degraus das escadinhas do Duque subi-os dois a dois. A K. juntou-se a nós e o Side foi a primeira paragem. Um ou dois Bushmills depois ligaste "Amiga...já estou nas Primas. Como é?". Arrastei os outros três – o N. já tinha chegado – pela Rua da Atalaia acima até te encontrar sentada na arca – o sítio de sempre – à conversa com alguém.
Bebemos e rimos até às tantas. Saíram todos e ficamos nós. “Vamos ao Purex?” perguntaste. E fomos de facto, até já não restar mais ninguém. E continuamos a rir e a beber, a agitarmo-nos ao som da música e ainda não chegava. Quisemos mais. “Agora vamos dançar!” piquei eu. E fomos. Corremos e fechamos as “capelinhas” todas e estávamos bem, seguras do companheirismo solitário que nos unia, sem desejarmos mais e sem planearmos nada.
Até essa noite tinha entrado uma única vez no Finalmente. Era a opção que restava, mas também…o sítio era indiferente. O importante era a “onda”, a boa onda em que nos sentíamos, o prazer da conversa e a vontade de o prolongar.
Perdi as horas e libertei-me dos pesos. Ali, num buraco atulhado de gente, batemos de repente com os olhos uma na outra e – pela primeira vez – vimo-nos efectivamente. O tempo parou naquele instante. Desde então passou-se um ano. O Ano, acredita, da minha vida. Sem sabermos como – a tanta gente já o previra – este Amor tomou conta de Nós.
Amo-te pelo que és. Amo-te pela tua integridade, pela rectidão dos teus actos. Amo-te pela certeza que esses olhos me transmitem, pela segurança que as tuas mãos deixam adivinhar. Amo-te desde esse passo pela coragem com que encaras a vida, pela honestidade dos teus amores, pela verdade que o teu sorriso trás à vida. Amo-te Mulher. Ontem, Hoje e Sempre.