Que bem sabe levantar-me de mansinho, esgueirar-me para dentro das tuas pantufas e ouvir-te sussurrar com a voz ainda rouca da noite um "não vás" quase inconsciente que vem do estado de vigília da manhã quando a preguiça manda mais que a vontade. Que bem sabe o cheiro do pão que cozo para ti e do café - o de sempre com gosto de canela - que ponho ao lume, que bem sabe acender a lareira na sala e perceber cá dentro o conforto do dia de chuva lá fora.
Que bem sabe despertar-te com beijos de mansinho nos lábios como se, na verdade, não quisesse despertar-te mas aproveitar aqueles segundos em que - ainda sem consciência do acordar - te vejo sorrir ao toque da minha boca na tua. Que bem sabe levar-te pela mão e sentar-te frente à mesa posta, servir-te e olhar-te como só se olha quando se Ama assim, que bem sabe depois aninhar-me contigo no sofá a ouvir o crepitar da lenha enquanto sentimos o cheiro familiar do lume e do fumo e que bem sabe ler-te um sorriso nos lábios e um rio que te corre dos olhos quando os deténs em mim para me dizer, tão somente..."Amo-te".