Existem locais no mundo com os quais criamos uma espécie de afinidade quase umbilical, que não nos permitem largas ausências, que reclamam saudades, que gritam por nós quase tanto como chamamos por eles cá dentro em estridentes e surdos rasgos de pressa.

Há alguns anos atrás conheci um país assim. O Portugal açucarado do outro lado do Atlantico clama a minha presença. É verdade...estou louca de saudades do Brasil.
Embarcamos em Dezembro é certo, mas ainda assim a vontade de largar rumo à minha Bahia adorada é tremenda. Queria ir já, ir agora, já lá estar, mas não por causa das férias ou do sol, mas por causa do ar que respiro. Faltam-me as rodas de capoeira, faltam-me os sons graves do berimbau, faltam-me as cores do Pelourinho, os batuques dos jambés, o toque da areia grossa nos dedos descalços, o recorte do horizonte nas cores mágicas do poente, as caipirinhas à beira-mar, a tranquilidade agitada dos luaus. Falta-me o açucar do português, falta-me o sorriso dos baianos, a visão das fartas mães de santo que deixam repousar nas jangadas a oferendas a Iemanja, os cantares arrastados das vozes que falam cantando, os acarajés, as moquecas, o queijo coelho no fogareiro da praia. faltam-me as manhãs silênciosas do Morro, os passeio a cavalo na praia, o toque quente do sol de Stelamares na pele, a barraca do gaúcho, as fitinhas do senhor do Bonfim, as esculturas na areia, os olhos vivos dos moleques que vendem na praia, os chopinhos, a casquinha de siri, o cheiro de denden por entre as ruas plenas de vida, o cheiro da feira de S.Joaquim, o povo e a vida arrastada da Bahia.
Como me vai saber bem mostrar-te esta terra que Amo meu Amor, como me vai saber bem aprender o que dela conheces e mostrar-te o que dela sei. Dezembro está quase aí. Até Já.