Sim
"..."
Rafaela Simões
Não
Patrícia Cruz
Há alguns anos atrás era frequente depararmo-nos com mulheres (cuja condição só se adivinhava por meio do volume peitoral que parecia destoar de tudo o resto) vestidas de fato completo, colete e gravata, de cigarrilha ao canto da boca, de cabelo empastado numa qualquer substância de qualidade duvidosa e que pareciam coçar o que – afinal – não tinham. Estas – as verdadeiras caminionistas - proliferavam nas zonas gay da cidade à mesma velocidade a que os vero macho latinos espalhavam charme do alto dos farfalhudos bigodes e com os faustosos fios de ouro emoldurados por um peito peludo de camisa aberta até ao umbigo. Mas hoje não! Hoje é cada vez mais inspirador passear pelo Bairro Alto, beber um copo no Purex, dar um pulo ao Maria Lisboa ou entrar numa Lesboa Party. As mulheres homossexuais deste pais estão cada vez mais bonitas, com melhor ar e mais cuidadas. As ‘femme’ assumiram uma feminilidade mais descontraída e muito mais moderna e as ‘butches’ mataram a camionista retrossexual que havia em si (e que medo, tantas vezes eram a imagem do camião com o atrelado e o semi-reboque!) e deram lugar às metrossexuais andrógenas de ar clean, fãs incondicionais de Converse All Star, de cabelos cortados no Facto ou no WIP, T-shirts justas muito trendy e com ar de novas Shanes do L-Word nacional.
A verdade, aquela verdadeira que nos entra pelos olhos dentro é que as lésbicas portuguesas - para além de mais cuidadas, produzidas e menos masculinas – estão cada vez mais parecidas com o país em que vivemos . Têm a sua homossexualidade cada vez mais bem resolvida, gostam de mulheres, modernizaram-se, atiraram com o aspecto desleixado para dentro do armário e são – graças a Deus – cada vez mais desempoeiradas e mais independentes. A bem da verdade…cada vez menos as lésbicas portuguesas têm ar de camionistas e cada vez se parecem condutoras de limusinas de luxo! Ah pois é!"