Tive um dia um desgosto de amor daqueles de drama, de filme que nos rasgam a alma e o peito, daqueles que julgamos serem a derrocada final do nosso mundo e - qual fera ferida - jurei que jamais voltaria a sofrer de amor, que não voltaria a amar e passaria então a ser a coisa amada. Assim foi e durante anos assim (sobre)vivi. "Podes enganar toda a gente por algum tempo, podes até enganar algumas pessoas o tempo inteiro mas jamais conseguirás enganar todos por todo o tempo"...esta é a grande máxima, aliás quem pior enganei foi a mim mesma que, do alto da acomodação a que me votei, sentia no peito um "escrafunchar" que sabia ter um dead line muito breve.Teve-o de facto.
Foram precisos cinco anos para me rever na luz, para me saber aprisionada num canto escuro da memória do que tinha sido, para me reerguer das cinzas e espraiar asas, para me aventurar num voo de libertação, para me sentir viva, para me reconhecer...para...
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as suas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem suas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo