Hoje apetece-me o tempo frio dos agasalhos que se despem à entrada da porta, o som da chave que roda na fechadura, o aconchego quente de uma casa que é só nossa.
Apetece-me receber-te com o sorriso que só tu entendes, apertar-te no corpo que só tu decifras
e, passo a passo, dedilhar-te a pele como se de cordas de uma guitarra se tratasse.
Hoje apetece-me a lareira que se acende e o vinho que respira nos copos enquanto eu te respiro a ti, a cada linha das tuas mãos, a cada volta do teu cabelo, a cada traço de uns imensos olhos que me apaixonam de cada vez que os olho.
Hoje apetece-me deixar-me guiar por ti no trilho de roupas que vamos largando no chão da sala, roubar-te um beijo e outro e outro ainda, entregar-te a lua embrulhada nos raios que da janela vão chegando em tons de prata.
Hoje apetece-me, sem pressas, desenhar-te com os dedos cada contorno que a luz laranja do fogo vai, desse corpo que é meu, deixando adivinhar. Sentir-te tremer como tremulas são as chamas que ardem menos que nós. Hoje apetece-me fazer-te mulher na pressa do vagar que temos, na urgência dos sentidos que nos brotam da alma e nos inundam os olhos.
Hoje?!...hoje apeteces-me Tu!